terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ecos Refletem nas Paredes da Sala

Foi necessário o medo,
foi necessária a fuga
e no brusco girar do pescoço,
a desmistificação dos olhos.

Recordações se apagarão, sim, junto às vidas,
ansioso, ansioso, a-n-s-i-o-s-o
arrastar do tempo.

Ignorar o que não me soma hoje,
utópica pretensão.
Os dias correm longos, intermináveis.

Não há culpa. Não há contrato. Nunca houve nada além de nada.
Só houve um, e este quebrou, desmistificou.
O dos olhos. Falo dos olhos.

Dos olhos que viu, e viu verdade...
Ou dos olhos que viram de longe,
estes sabem muito mais.

Já sabem quais feriram e quais foram feridos.
E imaginam que os feridores ferem por terem sido feridos.
Crueldade?
Humano demasiado humano.

Já não ligam mais, cautelosamente apagam da memória
os traumas do passado recente,
repassam a ferida, o passado,
ação e reação,
já não ligam mais.

domingo, 9 de setembro de 2012

O Cochilo do Cão (Um Quarto)


O cochilo do cão
que deve guardar seus tesouros.
O cochilo do cão
que ao acordar na madrugada, late e não é ouvido.

Ah, cão amigo, dá cá essa bola que eu a lanço novamente pra que o jogo continue.
Não adianta morder forte, olhos abertos te valeriam mais que o pouco que és.
Assim me fazem ver ao menos um quarto além de ti.
Ao menos um quarto... com mais três e uns remendos bem feitos, teria um inteiro.
Se cochilas diante de tão precisos faróis,
se não os encara com a devida sinceridade,
como podes esperar por algo menos que a invasão?

Não é lucidez, mas insana defesa do andamento da espécie.

Para a segurança, fica a dica: exércitos, cerca elétrica e armas de fogo são medidas indefinitivas.
Deixam o violador em alerta, atiçam o contra-movimento.

Olhos bem abertos, verdade do gesto e da palavra.
Com ouvidos aguçados e a sensibilidade que falta ao homem
definitiva segurança seria real possibilidade.

Com ouvidos cansados e olhos fechados de desencontro,
definitiva insegurança
descaso total,
é previsível resultado.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Paredes (Eco)

Não me encare de olhos rasos.
Aparência não engana sempre.
Desnecessário o medo, a fuga, o ligeiro deslizar através de portas que eventualmente se fecharão.

Quando o tempo esgotar não sobrará nada de nada.
Menos do que o pouco que viu aqui, ou que disse ali.
Recordações se apagarão junto às vidas,
eterno reinventar do tempo.

Ignoro o que não me soma hoje,
celebro o meu próprio envelhecer.
Quando o tempo me parece mais curto
sei que ando a trilha certa.
Se os minutos parecerem intermináveis - e logo se tornarão -,
devencilharei-me da mais pura idéia que carrega o caminho.
Abandonarei trapos, memórias se desincrustarão das paredes dos meus ouvidos,
e com menos atrito navegarei mais rápido.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ciência da Experiência

Vês aquilo?
Aquilo sou eu.

Os ruídos? Só o fim da linha. Símbolos.
Uma linguagem pouco compreendida
já que não existe ciência que a dichave em miúdos.
Incapazes de entender simples retratos do agora.

No final, são apenas ondas,
fios que ligam o essencial a um final inexistente.
O resultado da equação que me trouxe até aqui,
precisam ser experimentadas.

Experimentar. Como é bom dizer essa palavra.
Virou até comercial na TV.
Melhor que dizê-la é percebê-la na vida.

Sentir é como ser o tempo - pai da compreensão.
A razão ignora detalhes, pequenas violências...
Tenta evitar o inevitável,vem de fora pra dentro.
Da experiência pra explicação,
trilhando o caminho mais longo.

Sentir é já ter tudo explicado.
Não há obra prima que surja através da simples razão.

domingo, 11 de março de 2012

Diálogo de Domingo - O Acaso

- Lembras de mim?
- Claro.
- Não acredito. Pensei ter sido esquecido.
- Só por um instante.
- Por todos?
- Todos, não, por alguns talvez... Quem sabe amanhã não és lembrado?
- Amanhã pode ser tarde demais...
- E hoje não pode?
- Hoje não sei, ontem foi.
- É cedo demais pra falar assim.
- Cale-se! Abra mais os olhos e feche a boca.
- Não achei que fosse esse o problema...
- Pois é exatamente esse o problema, um deles...
- Um deles?
- Queres um conselho de verdade?
- Claro.
- Desligue-se de toda apatia.
- Mas eu só queria ficar tranqüilo, respirar, deixar o tempo correr, deixar o vento trazer o que vier, e se vier, ao menos será mero fruto do acaso. Daí eu não terei nada pra me queixar - nunca culpo o acaso.
- Estás cego!

Silêncio na sala de estar... O sol se pôs mais cedo, a chuva tomou seu lugar e sua luz. Trovoadas soavam, e pra deixar o diálogo mais selvagem a energia se foi junto à tempestade, mas as idéias clareavam devagar...

- Não vês que deixar o acaso fazer escolhas por ti é tratar a vida como loteria?
- E não é isso que a vida é?
- O acaso nunca é o bastante. Ele consome seu tempo - que sempre será limitado. Pra ganhar é preciso apostar, e tu não tens nada a perder!
- Sei disso, mas prefiro surpresas.
- Surpresas? Até onde eu vejo as tuas não têm sido muito prazerosas...
- Tu é quem pareces o cego agora... Pobres mortais querendo se dizer conscientes de todas as infinitas conseqüências de uma surpresa - seja ela inicialmente prazerosa ou não! Além do quê, vivo me deparando com surpresas que são prazerosas de imediato, não as temo!

A energia voltou, e no aparelho de som agora soavam os suaves acordes da introdução de "The Great Gig In The Sky". A gritaria estava ainda por vir...

- Continuas a bater na mesma tecla, esperando as conseqüências das conseqüências. O acaso do acaso.
- Por agora prefiro assim...
- Sabes o que podes perder dessa forma?
- Sei, mas não me importo. Ando me ensinando a não me importar.
- Cada um joga com as cartas que tem, e se assim desejas, torço por ti. Mas estou avisando... O acaso não vai te jogar flores todos os dias...
- Pois eu tenho certeza de que joga, todos os dias!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Sim, O Não. Delírio. Hoje!


PARTE I - O SIM, O NÃO


Antes do sim, tudo é não. Tudo parece não.

Escuridão.

Abandonar a inércia se faz o único caminho,

me perco.

Tonto, ofuscado.


Tão magnética quanto intimidante.

Em sonhos não titubeio, não rodeio ou faço manha.

Aqui, me limito.

Me ignoro ignorando o quanto preciso mover -

Agora!


Urgência estampada em todos os olhos,

novidade, obstáculo, ternura...

Transbordas.


A calva oportunidade vem,

ou parece vir...

Enquanto penso duas vezes sinto-a escorregar como um sabonete… foi-se.

Foice.


(...)


Vazio.


(…)


PARTE II - DELÍRIO


Me conforto, não há sinal de um temido e frustrante "não".

Nem de sim...

Nem de sim? Me pergunto, e já respondo me enganando.

A verdade não sei. Queria saber…

Tento me recompor.


Tempos depois, volta, a calva,

me golpeando com olhos ainda mais hipnotizantes.

Vou ao chão.


O tempo voa em excitantes sorrisos

e entre rodeios enlouqueço:

O medo do desconhecido,

velho conhecido meu.


Mistura de medo e desejo,

um ponto caprichosamente desenhado fora dos meus limites imaginários me tira a sanidade,

me encara.


Vertigem! É isso.

Aquele medo de altura que em verdade é vontade de se jogar -

se disfarçando covardemente.


Espatifaria cautelosamente em seus olhos:

doce calafrio, delírio.



PARTE III - HOJE!


O despertador soa gritante pelas ruas da cidade. Até as pombas, assustadas, rejeitam migalhas. A hora é agora, o vagão do trem se abriu, me esperou, esperou... e faltando 40 minutos pro relógio completar meia dezena de horas de um novo dia, ela girava seu relógio de bolso. Quanto tempo eu ainda tenho?


Entrei, mas só de passagem. Conduzi-nos até o meio-campo, e na intermediária ofensiva, não arrisquei sequer uma vez: covarde. A história se repete... Mas já vejo o trem voltando, dessa vez mais magnético do que nunca. Pode passar a qualquer momento. Se eu o perder, vou ter de ir a pé. Não tenho preguiça de caminhar, mas medo de me ver só, caminhando atrás de um trem que anda dez vezes mais rápido e com os faróis focados longe de mim. Medo desse trem partir e nunca mais voltar, por isso não posso e nem quero imaginar o amanhã, mas hoje tenho que entrar.


O amanhã morreu:

Hoje!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Clichês, clichês...

Quantas trilhas? Quantos cigarros, bitucas, rodadas de roda gigante?
Roda gigante é obra simplista do universo.
Compreensão. Clichê.
Macaquices de 'macaco sapiens'. Sapiência?
Repete o embrulho, envolto repete.
De tanto repetir se perde em imitações, mas tem certeza ser mais nobre que o orangotango.
Nobre? Servo? Padre? Rei?
Operárias, reprodutoras,
Formiga Rainha, Sua Majestade.

O amor restringe. Egoísmo?
Amor de mãe que é sem limites mas limita.
Amor de amante carnal que é de gosto mas coisifica.
Amor de amigo distante que parece diploma, burocracia sem o essencial: o toque.
De cão que esquece as mágoas e abana o rabo de fidelidade incondicional.
Clichês, clichês...

Amor luminoso de ideologia, quando muito forte pode te cegar.

Ateísmo, fascismo, comunismo, capitalismo.
Rótulos. Quem é que me mostrou o rótulo? Vem com bula?
As bulas foram lidas pra mim, com apenas um porém: cada uma lida por seu viciado.
Algumas vezes lidas por quem ignora a própria ignorância,
nesse caso o efeito colateral é mais brutal: faz parecer que todas as possíveis idéias já foram testadas e reprovadas.
Como se o tudo realmente existisse. Agressividade com o saber.
Percebi que cada dependente defende seu "ismo" e que soam todos iguais.
Mais do que planejar, teorizar, quem quer mudar faz. E pra fazer é preciso se fazer deslimitar.
Milito pelo deslimitar:
Deslimite!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Gota de Ar

Quando penso que penso,
não posso pensar.

Posso pensar.

Por mais paradoxal que possa parecer, a doença valoriza a vida.
Encurta o inevitável.
O tempo é a essência do vento incansável
a mente que sente tem que se mudar,
pra marte, pra lua, pro gelo polar.
A mente que sente tem que se mudar,
se não sente então mente, pode até maquiar.
Não quero mais pensar.

Quero pensar.

A rede que me embaça e embaraça não quer desatar.
esconde a fuga, a ruga, o tento
o nó é o pensamento.
Corro, disfarço
entre a terra e o aço
sorrio e abraço
mas quero pensar.

Pensamento transforma
acelera e retorna
pode transtornar.
Pode viciar.
Pode fazer de você
mais de uma gota de ar.

Pouco mais.
Gota de ar.
Gota fechada que quer estourar.
Bolha estourada que quer se encontrar.

sábado, 3 de julho de 2010

Fortuna

Futuro.
Fortuna.
Afortunados são os que entendem em si a verdadeira fortuna.

Idéias.
Aparência não é nada. Aparência é ilusão.

Em cada mente a certeza de isenção nos problemas do mundo: um engano.
Ilusão.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma Grande Mentira

Dois dias e finalmente estarei de volta em casa. A retrospectiva desses 13 meses que passei perambulando, estacionando, andando mais um pouco e agora voltando passa na cabeça de 15 em 15 minutos.

Fui pro aeroporto pensando em Califórnia...
Mas o vento soprou. Me levou pro outro lado da América. Depois passou um furacão e eu vim cair no frio do inverno europeu.

Experienciei mil sensações, e aprendi a gostar mais ainda de sentir. Fiz grandíssimos amigos. Encontrei amor. Poucas vezes dor. Acordei de ressaca.

Chorei lágrimas de saudade, de vontade, de verdade, nunca de mentira. Lágrimas de despedida. Até que quase todos os amigos ficaram pelas encruzilhadas da vida e me encontrei só.

E assim, solitário, volta outro cara no meu lugar, o "eu" ficou no mar. Peço desculpas desde já. Pra quem quer me ver: não verão. Nem nesse nem no próximo verão, mudei.

Conheci culturas novas e aprendi a me conhecer melhor vendo que "eu" era um simples espelho da cultura em que cresci, e hoje sou mais que isso, sou uma mente que tem idéias próprias. Vi que são poucas as verdades concretas, e que a sociedade é uma grande mentira.

Uma grande mentira.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Eu Sou O Rei

O frio que bate la fora nao entra no meu coração.

Me encontre no Didi, ou Cascatinha.

A minha essência revolta-se com isso que ando fazendo,

não há novidade ela sempre tá se debatendo.


Se lembre "tudo o que é real...","Tudo o que é real!"

(Pois eu sou o rei)


Não pode ser verdade que amor e dor podem se confundir.

Será que saudade pode ser sentimento bom?

Quando é que eu vou te ver? E se te ver eu vou te abraçar.

Te pedir um beijo se disser "não" vou roubar (pois eu sou o rei). Vou roubar pois eu sou o rei.


Se lembre "tudo o que é real...","Tudo o que é real!"

(Pois eu sou o rei)


Meu sorriso é uma grande mentira

mas tu nao sabes, ou nao quer saber.

Quarta-feira te tomo a carteira, tu paga minha feira e assina,

na saída de mãos dadas com a sua menina.


Assina a fatura

e nunca me apura.

Não haverá captura

pois eu sou o rei...


Pois eu sou o rei, pois eu sou o rei, eu sou o rei.

Se lembre "tudo o que é real"!

sábado, 21 de novembro de 2009

Subir Nessa Pia

Rolava de um lado pro outro pensando e pensando cheguei à conclusão de que não iria parar de pensar. E rolando e enrolando foi que consegui não dormir; a noite inteira.

Fiz planos, conclui pensamentos inconcluíveis. Meu travesseiro é meu melhor conselheiro. O melhor! O silêncio da madrugada pode ser ensurdecedor, verdade. Nesse meio tempo, lá pras 4 e meia levantei e passei meia hora na varanda. Estava fluindo tão bem essa minha insônia que a única coisa que me incomodava era o vento frio que congelava meus pés.

Voltei pra cama, caminhando de mansinho pra tentar não envergar o chão de madeira velha e acordar a minha vizinha de travesseiro. Bobo de mim, tentar fazer isso: ela acorda com qualquer suspiro! E aproveitou pra me plantar um susto que eu quase caí no chão.

Risadas dadas, retomei meu pensamento. E os projetos loucos que projetei guardei debaixo do travesseiro, e que nenhuma "fada do travesseiro" venha roubá-los. Já tive problema com "roubo de projetos" antes, e sei como é a dor. A dor de ver no outro o talento de enxergar talento e me tomar meus pequenos grandes projetos da madrugada.

Eu gostava de chamar esses sonhos de "inalcançáveis". Pra que quando eu os alcançasse pudesse dizer: "viu, eu consegui!". Mas essa noite mudei de idéia.

Sei que eu alcanço o que eu quiser. Os biscoitos "passatempo" que minha mãe escondia na prateleira de cima eu subia na pia e os alcançava, não vai ser hoje que vou parar de subir na pia, né?

Então peço pézinho pra quem é meu companheiro, pra deixar eu subir na pia, e se eu subir nessa pia, há! Ninguém me tira de lá não!

Certeza de sucesso? Minimidéia.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

2009/2010

Vamos lá...! Ainda é cedo eu sei...

É cedo, sim.
Mas cedo até quando? Até quando vou poder ter o prazer de adiar...? "Só mais 5 minutinhos...", "só mais 6 meses", "o que são 6 meses?"...
Às vezes seis meses só cicatrizarão em mais seis meses... Faço sentido? Bom, não importa.

Falar mais de saudade? Ah! Chega, né? Muito clichê.
Falar de verdade...
Verdade é que esse ano de 2010 vai ser o meu último tiro brasileiro, pelo menos esse é o plano! Agora é agora ou nunca! Eu tenho que resolver qual trilha vou seguir daqui pra frente.

2009 foi o ano da perambulação, da libertação. Vou chamar de "despedida de solteiro", talvez. Não digo solteiro do coração - pois do coração nunca fui -, solteiro da mente!
Fui solteiro da mente, descompromissada com o "amanhã" e muito ativa no "hoje". O Rolê de Todas as Vibes foi criado. Fui solteiro até a última gota da palavra, mas em 2010 vou namorar, pra enoivar. Resolver de uma vez por todas se dessa vida serei solteiro pra sempre ou pra nunca mais.

Em 2010 não vou perambular. Vou me agarrar no que há de verdadeiro nesse mundo e seguir em frente.
Mirar objetivos, e esse blog vai trocar de "descrição", pois agora o objetivo será ter objetivo!

Minimidéia vai sair do papel e vai virar som. Som mecânico, som orgânico. Do Vinil ao Mp4.
O meu país vai ser a minha casa de morar, e não mais só a minha nacionalidade.

Basta ouvir um "de onde você é?" e lágrimas correm por dentro.
É de lá que eu sou: terra da meia vermelha, da cachoeira do lado de casa.
Pega um avião, atravessa o oceano, depois que passar o BH Shopping, segue subindo o morro e só vira depois do posto Chefão. Ah, não se esqueça de abrir o vidro na estradinha e sentir o ar fresco que só corre por lá (essa aprendi com meu primo Playsito). Nem que precisar de 3 casacos pra aguentar o frio, ele abre o vidro toda vez na estradinha.

É, pra quem não queria falar de saudade acho que já falei um monte. 2010 vem aí, e eu já estou me preparando desde agora. Finalizando minhas perambulações desse ano e querendo entrar no mundo real, mas sem aquela de cotidiano "chato", o meu mundo real é de conquistas todos os dias.

Não perco por esperar!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Quero Decolar

Com a cabeça aqui
e a mente
há milhares de mares n'outro continente.

Coração parou,
vôou,
meu amor eu vou porque sou

Doido,
louco,
e só sonho em viver de voar...

Passar o mar, te ver depois voltar
pra qualquer lugar que eu possa chamar de lar.
E eu sei, eu sei que vão me esperar
voltar e entrar nessa espaçonave quero decolar...
Quero decolar...!

Talvez eu mereça sim
teus olhos amor
e o belo horizonte belo que eu tanto sinto saudade
mas verdade seja dita de voltar pra casa sempre dá vontade...

Mas passa a dor
e um outro amor
assume mais uma vez o vazio...
Quero decolar...!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Vidas, Marés e Estações (por André Bauer)

A vida é um ciclo, um círculo, formado por centenas, milhares, milhões de movimentos aparentemente retos, ou para melhor dizer, convencionalmente retos, começo, meio e fim. Vestibulando, calouro, formando. Criança, adolescente, adulto. Introdução, desenvolvimento, conclusão. BH, Mateus Leme, Itaúna. 1, 2, e, Já. Oi! Tudo bom? Tchau! Eu, nós, você. Outono, Inverno, Primavera, Verão. Qual vem primeiro mesmo?

Essa história de determinar onde começam e terminam as coisas é uma das mais belas invenções da mente humana. Na verdade nada começa e nada termina, a vida segue sua rota, através de pequenas paradas, de insinuações de desvio de caminhos que na verdade nada mais são do que formas de se permitir que o grande ciclo se confirme e se reinicie, seja através de outras pessoas ou através da própria pessoa como muitos acreditam. A beleza de letras maiúsculas e pontos finais está na possibilidade de reflexão imposta pelo ponto final e no doce sabor proporcionado pelas maiúsculas. Não consigo acreditar que aqueles que desconhecem a necessidade de entender os finais consigam sentir quão bom é usar o “Shift” novamente. Peço que me desculpem a ignorância, mas a não compreensão do que determinou um final cega para o novo começo que acaba de chegar e a não percepção de começo impede que amanhã haja um novo final, simplesmente porque começos e finais são criações da nossa enorme, mas limitada inteligência. Precisamos desta parada, e por isso a criamos, para que as coisas que acontecem em nossa vida possam dar significado ao seu ponto final e para que, a partir deste, o ciclo se reinicie independentemente da forma como acreditamos que ele se reinicie, através do fornecimento de vida pela decomposição, pela reencarnação ou qualquer outro caminho que passe pela cabeça.

Estive cego por um momento, durante o começo deste novo ciclo, ainda estou esfregando meus olhos, como quem sai de dentro de uma piscina com os olhos fechados, mas só o reconhecimento do final me permitiu sentir o sabor do que está por vir e a grande sensação de que nada, nada mesmo, pode ser como antes pelo simples fato de o antes ter existido.

A nossa capacidade de reconhecer começos, finais e “recomeços” nos permite a sensação de dever cumprido em relação ao fim que acabou de acontecer e traz também toda a inquietude de se antecipar ao que está por vir. Calma, não se afobe não, prepare-se. Certeza será tudo muito bom e totalmente diferente do que você espera, então concentre-se em participar de tudo aquilo que lhe seja ofertado, considere tudo o que vier pela frente como oportunidade de criar um novo final que, finalmente, trará o doce sabor de um começo.

(Este texto começou pelo final e se desenvolveu até começar)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sem Feridas, Cicatrizes

Soam as trobetas!
O tom da despedida sinaliza a entrada de novos tempos; sempre.

Mais uma vez nomadeando vou pro próximo passo. A nobreza da causa não ofusca a própria estupidez. E estúpido é o amor, mais estúpida ainda é a vontade de perambular e nomadear geografando esse planeta Terra!

Geografando sim.
Escolhi alguns lugares que já ouvi falar e resolvi checá-los, ver se é isso que eu vou querer pros meus pirralhos.

Quanto à mim? Bom, fisicamente ainda estou em um pedaço só. Com o coração não vou dizer que está 100% mas eu sei lidar. Já a mente anda cada vez mais forte - ao menos na minha concepção.

Faculdade da vida. Do choque cultural. O choque frontal com o preconceito. E eu gosto dela. Me ensina muito na porrada mas o comitê de formatura - que eu prefiro chamar de Rolê de Todas as Vibes - faz cada festança boa.

Estou clocando out agora, porque malandro não pára, malandro dá um tempo, né? Mas tentando ser sério nessa pausa. Não sério chato, sério sorridente, tranquilo mas determinado.

Não quero criar feridas, nem aqui nem na China ou na Suíça. Quero portas abertas nessa vida, de entrada e de saída. Um hall que se pode esconder mas também fugir. É isso o que eu mais quero. Sem feridas, cicatrizes.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Amo Muito Tudo Isso

Amo muito tudo isso.

Com a frase da campanha publicitária do maior carro chefe/representante da geração que vivo é que decidi começar esse texto.

Amo muito tudo isso e tudo aquilo. Amo muito tudo isso hoje, ontem e amanhã.
Me apaixono no mínimo uma vez por semana (quando não sete), brigo comigo mesmo pra pensar em futuro mas o presente é mais intenso.

Planos? Sei que devo mas não vou fazer - agora não. Planos são pros fracos! Eu faço parte de um grupo que faz planos por mim. É a política do pão e circo dando mais certo do que nunca: eu amo muito tudo isso!

Já falei e hei de repetir: sem sair de um raio de 300 milhas já conheci quase o mundo inteiro. São casas e casas me esperando como hóspede ilustre. Trazendo amor, paixão, alegria, discontração, enfim, tudo aquilo que tanto quiseram e não fizeram. O que querem e não fazem por vergonha - ou falta dela!

Ah, sucesso. Sucesso é conquista. Seja amor, ódio, material. Sexo, drogas, ou muito rock'n'roll. A certeza de um futuro melhor que o presente é cada dia mais incerta: é aí que se reconhece o auge, o ápice.

O ápice é o que precede a descendência: mas eu me recuso a pular nesse abismo, quero voar! Voar daqui pra Europa, pro paraíso, Oceania, pro paraíso. Ou até voltar pra casa. Casa? Que casa? Já não tenho mais tanta certeza do que é a minha casa, só quando pego o telefone ou internet e bate aquele aperto, aquela saudade. Mas saudade passa, arde, dói, mas passa.

E assim tudo continua. Sem planos, nada é certo além do auge contínuo. Do sucesso internacional que é a empresa à qual faço parte. O grupo é forte, representa.

Pra quem fica, dou um abraço hoje. Não de despedida, nem de chegada, só um abraço. Um abraço porque todo dia é dia de ser feliz. Não vou esperar o amanhã pra isso não!

Amo muito tudo isso!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Disponível Pra Adoção

É mais um que me abandona.

Me ataca a pele e o coração o pressentimento de despedida. Mais uma das tantas que vivenciei nesse ano de 2009. Me despedi de verdadeiros irmãos, foram 4 já. E agora se vai mais um, esse com um um porém maior: é a minha família.

Procuro uma família nova, pra me adotar.

Nesse ano de 2009 me despedi de sonhos que espero reencontrar antes mesmo do esperado. Já troquei gato por lebre e lebre por gato, mas a devolução é sempre custosa e trabalhosa - e quem disse que há algo gratuito nesse mundo?

Só pra reforçar mais uma vez: eu preciso desse tempo pra mim.

Rever minhas atitudes, conhecer o que há de mais interessante no meu conceito: o meu próprio conceito.
Descobrir se eu abro a cerveja pra bebê-la ou se a bebo por tê-la aberta. Se eu sempre fui tão preguiçoso por pura pirraça, ou se faço pirraça por ser preguiçoso.
Enfim, o meu objetivo de bordo é encontrar à mim mesmo, e estou tendo sucesso - ao menos por enquanto.

Aqui é uma mistura de muita farra com pancada na cara. De muita ressaca moral e física. Todo dia é dia, e a turma do "Rolê de todas as vibes" (salve Luquinha!) agradece! Só pra listar ao leitor, já saímos com todas as tribos por aqui: de patricinha americana à "white trash", de argentina à brasileira, da Inglaterra à Tailândia passando pela Holanda e - por quê não? - pelo Oriente Médio (e olha que nem estou exagerando!). E eu quero é mais: Rússia, Polônia e Ucrânia; Austrália e Nova Zelândia; ou Zimbabue, África do Sul. O "Rolê de Todas as Vibes" quer sempre mais, sem se esquecer do objetivo único: o calor interior.

É... Muita história pra contar.
Isso faz parte dos benefícios que tenho por essa procura incansável do que sou e do que quero.
E hoje eu quero mesmo é relaxar e me esquecer que mais um pedaço de mim volta pra casa em 3 dias.

Já sinto saudades!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Dia do (X)ico

O verão vem aí, com as pedras que rolarão morro abaixo e me encaixo perfeitamente nesse contexto. Eu e meus comparsas da vez!

Ó pedra! Pedra que me guiará ao topo do mundo. Me guiará à minha redenção de tudo o que há de banal, superficial e principalmente o material nessa vida. É a luz que ilumina o caminho do que eu preciso trilhar pra me achar. O caminho que como João e Maria, eu deixei migalhas de pão na vinda, mas faminto que estive os comi e me perdi.

Me perdi, mamãe. Me perdi! Mas nem precisa me buscar. Estou bem aqui onde me encontrei e me encontro. Quero ficar aqui até eu ser capaz de me guiar pela luz do sol ou da bússola do amor - ou da dor.

Fica decidido, nesse momento simplório
que o meu passado - nem tão - notório
não é meu presente.
E presente pra mim,
compro a liberdade,
e vem junto a saudade
que me ataca e a idade
jamais me atacará.

E aqui celebremos,
com Brahma, Bud ou veneno
o dia do fico.

O dia do mico.
O dia do rico.
O dia em que eu disse a você que te amo e - mesmo assim - fez bico.

Eu não sou bom o bastante. É isso que dizem.
E bom que não sou
hoje o vento levou
e levou, e levou e levou.
Soprou, sobrou, e hoje aqui estou.

Estou e estarei.
E hoje eu sei que ainda não sei
e jamais saberei.

Só sei que nada sei
e por isso talvez
eu fique aqui até saber:
o mínimo, o máximo o tudo, o ápice.
O auge. O poder. O amor e você.
O amor: é você.

Eu e você(s).

domingo, 15 de março de 2009

Vem Comigo

Vamos bater um papo sincero aqui: sonhos por sonhos, ir ou não ir embora?

É justo você ter de escolher entre a sua mãe e o seu amor? Entre o seu almoço e o seu jantar? Entre o mundo pra ti, ou tu mesmo pro mundo?

E o pior: quando faço a minha cabeça, a sua cabeça, ainda sei que não posso estar certo. Mais vale um pássaro na mão ou dois voando? Dois na mão ou um voando? Opa, espera aí! Dá cá essa espingarda que eu vou é jogar ambos os pássaros no chão, que assim quando eu quiser venho e os apanho.

Não é justo. E ninguém nunca disse que seria! Ah, mas quando eu reinar esse mundo vai existir justiça, muita justiça! Muito amor e pouco ódio. Mas isso deixa pra daqui uns séculos, que agora é hora de acabar com esse planeta mal cheiroso de hoje em dia.

Ei, você! Avisa lá no "Brasa" que eu ainda vou realizar meus sonhos. Com os pés no chão e nas nuvens ao mesmo tempo. Pés pra cima e cabeça de vento. Se precisar, eu planto bananeira, não há problema!

Meu coração briga em um cabo de guerra. E guerra é o termo exato pra se descrever o que os meus poucos neurônios estão fazendo entre si nesse momento. Vítima da minha "porra-louquice" e contradição permanente, fico a cada dia mais perto e mais distante de um futuro que um dia sonhei.

Hoje eu gosto de você, amanhã está longe demais pra eu planejar o meu amor.

Construir: é nisso que consiste a vida? Construir um império pra que quando eu for bem velhinho eu possa me orgulhar e ser reconhecido nas ruas! Um império com servos que trabalhem em prol do amor recíproco! Vassalos cantantes, amantes, pegando emprestado de Jorge Ben: deliciantes. O "Pimpass Paradise", o "Thugz Mansion" ou "Paradise City" where the grass is green and the girls are pretty.

É, acho que se eu realmente quisesse chegar à esse império, a primeira coisa que faria ia ser comprar um revólver, pra me matar e chegar lá de uma vez só. O paraíso é tanta utopia que quem o conhece já não está entre nós mais.

Eu conheci gente que construiu nessa vida. E sei como tudo é mais fácil pra quem tem mais do que precisa. Sei bem como é fácil e como foi difícil. Sei que por (muitas) vezes, foi preciso ultrapassar a linha da ética pra poder ser dono de um patrimônio maior.

A minha crença é na evolução do ser humano como espécie, e não como indivíduo. Sou um crente da utopia... Mas como diz um sábio amigo meu: utopia é aquilo que nos faz andar! E hoje ando, mesmo que me utilizando de muletas, hoje eu posso andar.

Vem comigo?